Se eu soubesse
escrevia-te um poema
das canções que o mar canta
quando em espumas de desejos
às rochas se entrelaça
e num beijo
ternamente as abraça,
ou quando ao murmurar
grita seu canto no fragor da onda
ao rebentar.
Se eu soubesse
e as palavras se soltassem,
dizia-te como vi os rios chorar
não sei se de ciúme se de dor
por verem que o mar
quando se unem
não lhes fala de amor.
Se eu soubesse
poderia falar-te
das arvores, das montanhas
ou das fontes
onde pela alvorada a água dança,
ou dos pássaros
que rompendo o azul do céu
com os seus cantos,
rasgam do silêncio o véu
dos gritos afogados nas gargantas.
Se eu soubesse
e as palavras me chegassem,
falava-te do cheiro
da terra molhada,
da terra molhada,
desse cheiro que embriaga,
ou das flores quando nascem
ou do nascer do sol pela madrugada.
Se eu soubesse
escrevia-te um poema
e se valor tivesse
por momentos que fosse,
falava-te do beijo com sabor a sal e mel
do mar, da areia, dos desejos
do olhar quente e doce
ou de qualquer sentimento com sabor a fel
nascido passo a passo
nascido passo a passo
ou do meigo momento de ternura
dum abraço
mas falta-me o atrevimento da loucura
e não o faço.
Ah, se eu soubesse escrever
e colocar nas rimas que decoro
e colocar nas rimas que decoro
aquilo que soubesse dizer
ficava o mundo condensado no choro
duma criança ao nascer!
5 comentários:
É muito bonito o que escreveu, Akhen.
Quem sou eu para lhe 'dar nota', se apenas solto palavras das pontas dos dedos... e este poema é tão bonito...
...se eu soubesse
deixava que as palavras
cantassem em versos
a beleza que soube expressar
suavemente como um sussurro
em noites cálidas na face da amada...
se eu soubesse me atreveria...
Se eu soubesse...
Letras sentidas Poeta!
Muita Luz!
Cheio de imagens dignas de registo na memória poética do leitor.
Muito bonito.
Sabes... E as palavras chegam-te!
Um beijo
Afinal também não sabes...
beijo
Belíssimo e lírico poema!
O que o amado faria pela criatura que ama...
Não precisa tanto...basta amar.
Muita Luz e Paz!
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