quarta-feira, 31 de março de 2010

MURMÚRIOS DA SOLIDÃO

            

Meu amor,
quando no silêncio
do teu quarto
cheio de ausências
do que não tens,
os murmúrios da solidão
preencherem o vazio
das tuas noites.
Quando o vento
te trouxer o cheiro
das flores murchas
da tua juventude.
Então,
na penumbra desse quarto
que nunca foi meu,
recordarás a minha voz
sussurrando-te;
amo-te
amo-te
amo-te.

domingo, 21 de março de 2010

POESIA ÉS TU QUE ANDAS NA RUA


Se eu pudesse condensar
num só verso o que escrevi
pensando ser poesia,
quantas palavras
daquelas com que te vesti
eu rasgaria?
Não te posso prender
tendo-te em mim,
nem te amordaço
apenas pela vontade
de te querer domar
em meu abraço.
Mas quantas dessas palavras
teria que rasgar,
para que a ti,
Poesia,
 te deixassem nua?
As palavras são livres de voar
e Poesia és tu
que andas na rua!

O DESPERTAR DA PRIMAVERA


O sol acordou
triste e sonolento
olhando-se nas gotas de orvalho
com perfume de alfazema
que a brisa da manhã
trazia em si.
Ao longe,
a flauta de um pastor solitário
fazia ouvir  
o seu plangente chamado
a um amor imaginário.
O sol quis sair,
mas olhando o céu cinzento
voltou a deitar-se.
Só a flauta teimava
em fazer ouvir 
os seus queixumes magoados.
Seria talvez Pan
cortejando incautas virgens
naquela cinzenta manhã
da primavera despertada.

segunda-feira, 8 de março de 2010

MULHER


Mulher tu és na terra mãe de vida
És a vida que a terra tem em si
Mulher tu és a terra renascida
Nascemos, não da terra mas de ti.

sexta-feira, 5 de março de 2010

ESCREVA



Escreve-me!
Abraça-me com teus versos
e beija-me loucamente
com teus poemas.
Deixa que as tuas palavras
me falem de amor,
desse amor que só existe
na alma dos poetas.
Deixa que me embriague
com o vinho
das rimas que pisamos
e me perca
para alem do horizonte
no universo que criamos.
Que eu voe no azul do céu
nas asas de uma borboleta,
ou que dance, ao caminhar,
nas pétalas de uma flor
do amor teu
e que o meu amor
ao brotar
seja como cristalina agua
 que lave de ti, tuas mágoas
e leve de mim esta dor.