NAVEGANDO NAS PALAVRAS

Nunca escrevi para ninguém
escrevo para mim,
porque me dá prazer.
Porque misturo as letras
à minha maneira
e formo as palavras
que de momento
me ocorrem ao pensamento,
sem grades nem correntes
nem muros
que me impeçam de olhar o céu
ou sonhar para além
do horizonte mais escuro
ou que me roubem
a liberdade de ser eu.
Escrevo,
da mesma forma que respiro.
Escrevo como me surgem
as imagens, quando a musica
em mim
me faz sonhar.
Escrevo da mesma forma
que me misturo com o mar
ou com as águas de um  rio
Escrevo da mesma forma
que percorro a terrra a fio
na chuva que cai
ou cruzo os céus
nas asas de um pássaro.
Escrevo
da mesma forma que as flores
aparecem na primavera.
Escrevo
independentemente de dizerem
definitivamente escreves bem.
Apenas interessa o que sinto
quando deixo que as palavras
se juntem no papel.
Para mim não existem
palavras proibidas
de ser ditas
Existem sentimentos
interditos.
Escrevo
porque assim posso apontar
à humanidade
a iniquidade do ser.
Escrevo
porque me dá prazer.