terça-feira, 24 de novembro de 2009

AUSÊNCIA





Nos meus dias
és a ausência
dos momementos
que passo assim,
os meus dias vazios de ti.
E o ruído
do teu silêncio
é um grito enorme
ouvido dentro de mim
quando na ausência
segredo sozinho
ao teu nome
todos os desejos
calados
que guardo de ti.
E quando te imagino
no meu mais secreto
desejo
nesse sorriso proíbido
de um amor bandido,
rasgo meu peito que chora
e de joelhos, rendido
me pergunto.
Agora e agora?


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

IMAGEM



Não me canso de beber-te
intensamente
na margem das palavras
mas ao beber-te assim
tão longamente
na paixão do que escreves
não me sacio de ti
nem por momentos breves
nas palavras que li.
Vejo-te tão transparente e leve
na franja das palavras
que o meu pensamento
faz surgir de ti
num mágico momento
translúcida imagem
cruzando fugidia
como irreal miragem
de tão fugaz instante
qual nuvem em céu correndo
num mundo mais distante.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

INSTANTE



Como o instante breve
em que o primeiro raio de sol
anuncia o dia que desperta
assim foi esse instante
de loucura
em que o amor em nós nasceu
Virgem,
puro, intacto,
sem mácula, constante
com o sabor exótico
do desconhecido distante
encontrado.
E assim em nós cresceu
como se na descoberta
desse momento procurado
estivesse todo o universo
condensado

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

SE EU SOUBESSE




Se eu soubesse
escrevia-te um poema
das canções que o mar canta
quando em espumas de desejos
às rochas se entrelaça
e num beijo
ternamente as abraça,
ou quando ao murmurar
grita seu canto no fragor da onda
ao rebentar.
Se eu soubesse
e as palavras se soltassem,
dizia-te como vi os rios chorar
não sei se de ciúme se de dor
por verem que o mar
quando se unem
não lhes fala de amor.
Se eu soubesse
poderia falar-te
das arvores, das montanhas
ou das fontes
onde pela alvorada a água dança,
ou dos pássaros
que rompendo o azul do céu
com os seus cantos,
rasgam do silêncio o véu
dos gritos afogados nas gargantas.
Se eu soubesse
e as palavras me chegassem,
falava-te do cheiro
da terra molhada,
desse cheiro que embriaga,
ou das flores quando nascem
ou do nascer do sol pela madrugada.
Se eu soubesse
escrevia-te um poema
e se valor tivesse
por momentos que fosse,
falava-te do beijo com sabor a sal e mel
do mar, da areia, dos desejos
do olhar quente e doce
ou de qualquer sentimento com sabor a fel
nascido passo a passo 
ou do meigo momento de ternura
dum abraço
mas falta-me o atrevimento da loucura
e não o faço.
Ah, se eu soubesse escrever
e colocar nas rimas que decoro
aquilo que soubesse dizer
ficava o mundo condensado no choro
duma criança ao nascer!



terça-feira, 10 de novembro de 2009

CHORO MAGOADO



Na quietude do tempo
houve um grito
de silêncio que soou
e nesse momento
parou escutando
dentro de mim
até meu próprio pensamento.
Quem está chorando
assim,
que em mil pedaços
a alma me quebrou
e todos os ruídos
do silêncio
num choro tão
sentido
transformou?
Oh! Nesse horizonte não,
não chore,
deixe que o sol ria
e que nesse horizonte
violeta,
magoado,
seja o choro
em choro de alegria
transformado.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

BRASIL



Para mim és esse rio que te desflora
o povo de um país desencantado
povo que canta, dança, mas que chora
a terra seu país por Deus criado
Para mim és Ipanema ensolarada
és a verde Amazónia agredida
és Sampa acordando de madrugada
a esperança de mudar não conseguida
És crosta gretada Sertão sofrido
és verdesul nordeste és a Bahia
és Brasília , o futuro não cumprido,
sorriso, carnaval, triste alegria
és meu Cruzeiro do Sul muito querido
tu és o meu Brasil minha Utopia.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

PASSEANDO PELO INFINITO




A cortina da noite
escondia os nossos corpos
dos olhares indiscretos
e os lençóis de areia
da nossa cama
eram debruados a espuma
das ondas que nos beijavam,
o manto de estrelas
que nos cobria
ocultava
do olhar invejoso da lua
o amor que em nós nascia.
Apenas nós,
perdidos,
estavamos ausentes
passeando que andávamos
pelo infinito.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O QUE TRAZIA O VENTO



Terno e sussurrante
o vento me envolveu
trazendo do lilás
o suave perfume
e nessa brisa leve
também o cheiro teu.
Nesse momento breve
em que o vento passou
deixando junto a mim
infinitos desejos
e dos teus quentes lábios
universos de beijos,
eu senti que o vento
em si também trazia
no tom de violeta
daquele azulvermelho
o calor de uma Chama
e eterna magia.